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O descontrole dos vôos

Começo a entender melhor como funciona o controle do espaço aéreo brasileiro. A aeronáutica é detentora de toda infra-estrutura o que inclui o curso de formação dos controladores e a administração de todo o sistema. A mão-de-obra é cem por cento militar, em sua grande maioria sargentos do exército capacitados por treinamento específico de ótima qualidade por sinal. No entanto, parece que existem duas equipes. Uma controla a aviação militar e a outra a civil. A turma que cuida dos aviões da FAB foi colocada no circuito para quebrar o movimento que ainda prejudica o transporte aéreo de passageiros, protagonizado pelos sargentos. Então não estávamos diante de um quadro de operação padrão nos aeroportos e sim de insubordinação militar: aquartelamento a colocar em situação de caos a navegação aérea do país. Segundo relata a grande imprensa, agora sim, o Ministério da Defesa irá autorizar a criação de um quadro civil para a profissão e tratar o tema como insubordinação. Em tempo: sempre é bo

O caos no ar

As notícias que leio na internet nesta manhã de sábado dão conta de que a convocação de controladores de vôo militares, aqueles que cuidam do tráfego aéreo dos aparelhos da FAB, foi suficiente para normalizar a vida nos aeroportos do país depois de uma semana terrível. Dezenas de vôos cancelados, centenas atrasados. A cidadania passou o feriadão em aeroportos. Não vou entrar no mérito sobre a situação dos controladores da Infraero. Do jeito que o Brasil é administrado está na cara que eles são mal remunerados, os equipamentos devem estar defasados e o governo, como sempre, só se entra no circuito quando alguma tragédia paira no ar e de forma canhestra. Segundo revelações de uma das caixas pretas, de fato os pilotos do Legacy receberam ordem da torre de São José dos Campos para usarem a rota fatal. Se confirmado, a eventualidade de um homicídio culposo teve autoria em terra e como protagonistas os operadores dos radares de uma das unidades do Sindacta. Vinte controladores estão afastado

A crise do hotavírus

Deu no jornal que a cidade de Porto Alegre, onde moro, passou a registrar incidência de um tal de hotavírus bem acima da média dos anos anteriores. Confesso que não li a matéria com o cuidado devido, mas nos últimos quatro dias já me pós-graduei no tema. Ter hotavírus significa praticamente morar próximo a uma latrina: febre, cólicas horrorosas, e muito senta-levanta. Ontem pela primeira vez melhorei um pouquinho. Me alimentei melhor, as dores estomacais diminuíram, embora a freqüência de senta-levanta seja ainda elevadíssima. Ainda não consegui produzir um gráfico sobre o assunto. Mas no passeio que dei pelo pátio do condomínio encontrei um vizinho de porta, sujeito camarada, modelo armário de repartição pública. Quase 2 metros de altura por 70 centímetros de largura. E que perdeu a opulenta pança de tempos atrás. Perdeu a compleição Jô Soares e ganhou yma nova versão Gianechini, tudo por conta do hotavírus. A patroa tá contente. Quando descrevi minha situação já num desabafo quase d

Mainar Longhi não fez escola

Quem estudou jornalismo na PUC de Porto Alegre entre os anos 60 e começo dos 90 teve o privilégio de aprender Língua Portuguesa com o professor Mainar Longhi, que foi dessa para outra na última década do século passado. Irmão Marista, fundador e coordenador do curso de Letras daquela Universidade, seria injusto afirmar que era quem mais conhecia o idioma falado e escrito por aqui. Mas certamente era o que mais sabia ensinar. Comparecia em suas aulas para os estudantes de jornalismo depois de ler periódicos em inglês, francês e alemão. Trazia embaixo do braço disciplinadamente o JB, o Estadão e a Folha de S. Paulo. Líamos os editoriais e artigos e depois deveríamos discutir conteúdo, estilística e um ou outro erro que pudesse aparecer. Nos obrigava a redações longas com correções comentadas. Explicava com paciência nossas fraquezas diante do português. Afirmam alguns fofoqueiros que imitava Carlos Lacerda como ninguém, sob efeito do vinho tinto que sorvia entre amigos mais chegados como

Coltrane´s songs

A cada rua que passou deixou vestígios musicais reverberados pelas madrugadas no Village Som metálico irradiado nas pontes de Manhatan Sax tenor e soprano eventualmente uma transversa a banda infernal Divino Espírito Santo John Coltrane O mensageiro de Deus no universo be bop Notas dissonantes frases abstratas My favorite songs Olé, jazz com flamenco mistura ousada o sax sopra nas caixas a magnitude da tua essência Companheiros de viagem não faltaram Miles Cherry Mcoy Elvin Jones Charlie Haden Ed Blackwell Barre Phllips e tantos outros Subiste ao céu sem escalas Deixaste por aqui uma profusão de ritmos e de notas musicais eternizadas em bandas magnéticas

A relatividade do tempo

Nas ruas ensolaradas abriram-se caminhos destruíram-se e construíram-se novas realidades produziram-se transformações O tempo? já não é mais o mesmo mudaram as percepções as décadas viraram anos os anos viraram meses os meses viraram dias os dias as horas os minutos são segundos e tudo pode ser contado nas frações décimas e centésimas quando foi possível se dar conta crianças haviam ficado adultas uma geração se passou e nada foi resolvido e também nada está perdido mas chegaram ao meio da encruzilhada nesta jornada sem volta

Aerospace II

Aqui é do Espaço Sideral Chegaram músicas, livros e mensagens Take Five está no ar Coltrane passa o som devagar Billie Holiday canta sem parar Fernando Pessoa escreve versos Ele fala de seu amor por Portugal e o mar Aqui é do Espaço Sideral Dali, se vê Salvador derreter relógios Picasso em alucinação cubista Reimbrandt em lição de anatomia Aqui é do Espaço Sideral De onde se vê o grande sertão de Guimarães A muralha da China Um tiroteio em cada esquina E as bombas no Mar Vermelho Aqui é do Espaço Sideral Tem gente boa gente fina mistura boa mistura fina Aqui é do Espaço Sideral Tem uma lagoa uma marina um barco a vela que vai rio acima Aqui é do Espaço Sideral Chegaram os cálices e o vinho para embalar as noites de frio que são eternas nunca terminam

Aerospace

Aqui é do espaço sideral Onde vivem os pironautas Onde os buracos são negros Onde não sopram ventos Onde ninguém é de ninguém Aqui é do espaço sideral Onde a explosão é solar Onde o amor é nuclear Onde a loucura não é neoliberal Onde o escuro é total Onde a ausência da gravidade é natural Onde as microondas navegam sem recurso naval Aqui é do espaço sideral Sem mortos nem feridos Sem cidades desaparecidas Sem balas perdidas Sem propriedades privadas Sem Terra Sem ar e sem mar Sem forças de ocupação Sem sociedades anônimas Nem companhias limitadas Aqui é do espaço sideral Ninguém para falar Ninguém para ouvir Sem John Cotrane Sem Take Five Aqui é do Espaço Sideral Tá faltando bebida, cânhamo e tesão Aqui é do Espaço Sideral Sem sistema operacional Sem site relacional Sem árvore de natal Nem a suruba do carnaval Aqui a galera assiste da geral A esquizofrenia da terra natal

Praça Roosevelt

É na calada da noite que as coisas acontecem Os vendedores de Pó aparecem As putas se intro-metem Alguns se travestem Na banca de jornal um homem com aparência normal Não parece trazer notícias do juízo AFINAL? Fernando Cibelli de Castro

Minuano

As folhas caem Vento sul O vento das A GO NI AS Vento de desgraças Trazes tragédias Afunda barcos Destroça os lares Destrói as plantações Para os místicos és Transporte seguro de almas penadas Vento sul Traz contigo a angústia Faz chacota das mentes sofridas Nuvens negras prenunciam frio Hemisfério sul Paralelo trinta Nada de sol O inverno castiga a todos Pés descalços Cuscos encarangados Palomas enroladas em cobertores Leilas em lareiras Robertas em estufas Prematuros em incubadoras Minuano perturbador Perturba a dor E segue teu rumo Leva embora o inverno Fernando Cibelli de Castro

Forasteiro

Desembarcar em terra alheia é desvendar coordenadas descobrir ruas singrar avenidas cruzar bairros identificar números decodificar sotaques descobrir aromas sentir saudades andar sozinho ouvir cantos pisar em grama alheia procurar o cruzeiro do sul será que ele está lá? É constelação de inverno Ou só guia os marujos dos mares austrais sob a brisa do verão? chuva que derrama-se nas calhas sol que queima a erva no campo dia que nasce azul noite que escurece negra flores que perfumam tua alma Fernando Cibelli de Castro em Joinville/SC

Dia sem sol

Quando o céu se fecha A dor bate dentro da alma Não há luz que ilumine o caminho Não tem força que espante os espíritos Não há opiácio que anestesie o sofrimento Fernando Cibelli de Castro